quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A Alemanha e o Nazismo

Nova geografia política alemã após a primeira Guerra


     Caricatura da época que retrata o
     Tratado de Versalhes mostrando o
     Kaiser (chefe do governo alemão)
     saindo do hospital engessado
.
Após quatro anos de destruição e mortes, a Alemanha assinava a 11 de Novembro de 1918, em Rethondes, na França, o armistício, terminando assim a 1ª Guerra Mundial.
Na Conferência de Paz, o antigo império alemão assinou a 28 de Junho de 1919 o tratado de Versalhes, tendo sido este designado de “diktat”, visto que foi um tratado imposto pelos países mais fortes a um mais fraco, considerado uma verdadeira humilhação.
(...) (Na opinião alemã) a Alemanha não foi militarmente vencida (...); não foi invadida; foi vítima, antes de tudo, do bloqueio, meio de guerra desumano. (...) ... depois de lhe terem sido levadas as armas e os seus meios de defesa, os Aliados (...) isolaram os seus representantes em Versalhes (...) e impuseram à Alemanha, sob a ameaça de invasão, uma paz não livremente negociada, mas ditada, um diktat.” (André François Poncet, embaixador francês em Berlim, 1948)
Com este tratado, dado ter sido considerada responsável pela guerra, impôs-se à Alemanha uma nova ordem geográfica e política.
Com a assinatura deste tratado, a Alemanha perdeu 12% do seu solo, tendo cedido alguns pequenos territórios (os cantões Sainth-Vith, Malmédy e Eupen) à Bélgica e o Schleswig Setrentional à Dinamarca. Ficou sem 12% da sua população, e foi separada em duas partes, dado que o “corredor de Dantzig” (da Polónia) separou a Prússia Oriental do restante território alemão. Perdeu todas as suas colónias. A frota de guerra foi reduzida a 6 couraçados de 10000 toneladas, 3 cruzadores ligeiros e alguns navios de menor tonelagem. Foram-lhes interditas algumas armas: os submarinos, os gases asfixiantes, a aviação, a artilharia pesada e os tanques. As minas de carvão do Sarre e as ricas regiões da Alsácia e Lorena regressaram para a França. Foi obrigada a ceder Memel ao novo Estado Lituano e a reparar financeiramente os prejuízos causados pela guerra. O exército alemão, Reichswehr, ficou reduzido e desprovido de material de guerra. O serviço militar cessou de ser obrigatório e o Estado-Maior alemão foi extinto. A margem esquerda do Reno (Renânia) sofreu a ocupação aliada e a desmilitarização, assim como uma faixa de 50 km na margem direita do mesmo rio.
Art. 42 – Fica interdito à Alemanha manter ou construir fortificações sobre a margem do Reno e sobre a margem direita numa extensão de 50 km. (...) Art. 45 – Em compensação da destruição das minas de carvão situadas na bacia do Sarre (...) (a Alemanha cede à França a propriedade inteira e absoluta das minas de carvão situadas na bacia do Sarre. (...) Art. 51 – Os territórios cedidos à Alemanha... (Alsácia e Lorena) são reintegrados na soberania francesa a datar no armistício de 11 de Novembro de 1918. (...) Art. 87 – A Alemanha reconhece... a completa independência da Polónia. (...) Art. 198 – As forças militares da Alemanha não deverão compreender nenhuma aviação militar nem naval.” (Alguns extractos do Tratado de Versalhes)   
O velho império ficou devedor de pesadas indemnizações aos países vencedores, devido aos estragos causados no grande conflito, e, sem resistência alguma, imperador e príncipes abandonaram o seu trono. Como ninguém levantou a voz em defesa da monarquia, este deu lugar a uma nova Alemanha, na qual se instaurou a República de Weimar em Novembro de 1918.




República de Weimar
Friedrich Ebert
Esta teve o social-democrata Friedrich Ebert como presidente e o seu amigo político Philipp Scheidemann como primeiro-chanceler. Nesta república, eram muitas e constantes as eleições, tendo sido imensas vezes ameaçada por comunistas e por adeptos de extrema-direita.  
Philipp Scheidemann
Numa Europa devastada por elevadíssimas perdas humanas, com mão de obra diminuída, população envelhecida, excesso de população feminina, e debilitada nos sectores agrícola e industrial, a Alemanha não era excepção à regra, apresentando um panorama igual ou pior.
Após a implementação da república de Weimar, a Alemanha debateu-se com grandes e inúmeras dificuldades económicas. Originava-se uma inflação galopante, agravada não só pela destruição de solos agrícolas, casas, fábricas e minas, que impediam a produção. Isto, por conseguinte, gerava desemprego e falta de consumo. Também a dependência dos empréstimos, pelos fornecimentos materiais estrangeiros e a contracção de novos empréstimos contribuíram para o agravamento da inflação. As condições impostas pelo Tratado de Versalhes assinado em 1919 eram rigorosíssimas. Devido às proporções dramáticas a que a inflação tinha chegado, em 1923, o dólar subiu para 100 000 marcos, depois para um milhão e em seguida para 10 milhões. A região do rio Ruhr chegou a ser ocupada por franceses e belgas, de modo a garantir que a Alemanha cumpriria o pagamento das reparações. O marco desvalorizou de tal maneira que um quilograma de carne de boi custava, em Fevereiro 6 800 marcos, e, em Novembro, já custava 560 mil milhões.




Fundação de um novo partido
     NSDAP - Partido Nacional-Socialista
dos Trabalhaodes Alemães
Tudo isto contribuiu para aumentar o descontentamento por parte da população alemã, que se mostrou visível em diversas situações. Podemos destacar duas: em 1919, dá-se a tentativa de proclamação de uma república socialista por parte do partido de extrema-esquerda, apelidados de “espartaquistas”; no mesmo ano, fundou-se o NSDAP (Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães) por um imigrante austríaco, Adolf Hitler, que, em 1923, em Munique, tenta um golpe de estado fracassado, o Putch de Munique, sendo então preso uns dias mais tarde.
Adolf Hitler
Feldmarschall von Hindenburg
Em 1925, Friedrich Ebert morre. Feldmarschall von Hindenburg passou a ser o novo presidente e contou com Heinrich Brüning para novo chanceler.


Mais tarde,  em 1931, a crise na Alemanha levara à quebra dos seus bancos; em 1932, o número de desempregados era de 5,6 milhões; e com a crise de 29 nos E.U.A, arrastada mais tarde pelo mundo, excepto à União Soviética, a Alemanha ficou ainda mais prejudicada, devido à retirada dos capitais americanos, originando-se uma situação económica e social absolutamente insustentável.
Mein Kampf
Após Hitler ter sido liberto da prisão, onde redigiu a sua famosa obra Mein Kampf (Minha Luta), iniciou várias campanhas com o Partido Nacional-Socialista. A rápida ascensão deste partido ficou a dever-se á promessa de emprego para todos; a uma propaganda agressiva e hábil através da rádio, de comícios, boletins, etc; e à violência e à intimidação incutidas pelas milícias armadas: Secções de Assalto (SA) e Secções de Segurança (SS).
A grande massa dum povo submete-se sempre ao poder da palavra” – (Mein Kampf, Adolf Hitler)
Dado um conjunto de factores como o descontentamento social e geral contra a República de Weimar, incapacitada de solucionar diversos problemas; a humilhação imposta pelo tratado de Versalhes; uma inflação galopante; a desvalorização monetária; o desemprego muito elevado (cerca de seis milhões em 1933); o desarmamento forçado; a elevada dívida externa devido às indemnizações impostas pelo tratado de Versalhes; e o aumento das falências e empobrecimento, a população vira-se para os partidos extremistas: Partido Comunista e Partido Nazi.
Nas eleições de 31 de Julho de 1932, o Partido Nazi obteve 13,7 milhões de votos. Este partido adquiriu assim o controle de uma maioria de lugares no Reichstag através de uma coligação formal com o DNVP (Partido Popular Nacional Alemão). No fim, os votos adicionais necessários para se impor a lei de aprovação do governo - que deu a Hitler a autoridade ditatorial - foram assegurados pelos nazis ao se expulsarem deputados comunistas e ao se terem intimidado ministros dos partidos do centro. Numa série de decretos que se seguiram pouco depois, outros partidos foram suprimidos e toda a oposição foi proibida. Em poucos meses, Hitler adquiriria o controlo autoritário do país e enterraria definitivamente os últimos vestígios de democracia.
Suástica, símbolo Nazi
Hindenburg, presidente da Alemanha, a 30 de Janeiro de 1933, demite Schleicher, antigo primeiro-ministro, e nomeia Hitler para este cargo, que prestou juramento oficial como Chanceler na Câmara do Reichstag (parlamento alemão), perante o aplauso de milhares de simpatizantes nazis. Em 1934, após a morte de Hinderburg, Hitler funde as funções de Presidente e de Chanceler e institui um sistema político de ditadura fascista, mais concretamente, o Nazismo.

Consolidação da Ditadura Nazi



Logo que ascendeu ao poder, Hitler pretendia a construção dum Estado totalitátio, autoritário, centralizado anti-liberal, antiparlamentar, antidemocrata, antissocialista, reaccionário, forte e violentamente racista.



Hitler a discursar


Este regime foi fundamentado na superioridade biológica e espiritual do povo ariano, ao qual pertenciam os alemães; na preservação da raça superior; no corporativismo; no militarismo e na repressão; no culto da personalidade e da obediência cega; no culto da força; no nacionalismo económico, na autarcia, na expansão e no imperialismo alemão.


Deste modo, Adolf Hitler começou por introduzir o serviço militar geral e obrigatório no país a fim de restablecer a soberania do Reich. Suspendeu o Reichstag, o parlamento, e passou a governar com plenos poderes, dado que o seu regime era antiparlamentar; logo, era rejeitada a teoria liberal da divisão de poderes e não se faziam ouvir as vontades individuais. Na Alemanha, todos os cargos de maior responsabilidade passaram a ser entregues única e exclusivamente ao Partido Nazi. Visto que Hitler era antidemocrata e unipartidário, só deveria haver um partido único, o Partido Nazi, tendo proibido todos os outros partidos políticos e sindicatos. Foi merecida ao socialismo a total reprovação por parte deste regime, uma vez que a luta de classes era algo de abominável que dividia a Nação e enfraquecia o Estado, defendendo-se, em oposição, a anulação dos interesses de todos os grupos sociais e a conciliação de todas as classes perante o interesse supremo do Estado e da Nação. Proibiram-se as greves e lock-out’s, de modo a eliminar as paralisações de trabalho que acarretavam prejuízos económicos. Passou-se a controlar os órgãos de informação, a polícia e o ensino.
Instituiu-se a censura, não havendo qualquer liberdade de expressão, e criou-se uma polícia política – Gestapo.

Neste regime, era imposta uma combinação extremada de capitalismo e socialismo estatal, sendo defendido o totalitarismo, isto é, o Estado controlava toda a vida económica, política, social e cultura, rejeitando todo e qualquer tipo de agrupamentos.
Era igualmente defendido o nacionalismo, no qual se apelavam aos valores nacionais, fazendo-se distinção entre os povos superiores e civilizados e os povos “inferiores” e “bárbaros”. O Estado era identificado com a Nação – “Estado Nacional”. Estava acima de tudo e todos, a ele se deviam submeter todos os interesses individuais e colectivos (anti-individualista), e era indiscutível e inquestionável, exigindo aos cidadãos total obediência e devoção.
                                       
                                              2 discursos proferidos por Hitler
                                                        


                             
A Alemanha de 1933, como a Alemanha de 1923, era um país doente, desesperado pela derrota de 1918, de que ela própria era responsável (...)”, por isso, e por uma questão de orgulho, pretendia-se recuperar a Grande Alemanha perdida na 1ª Guerra Mundial.
O Nazismo parte do princípio de que os homens não são iguais, que a desigualdade é útil e fecunda, e que o governo deve competir só aos melhores, às elites.
Como tal, Hitler, apelidado de Führer, era considerado como um herói, visto simbolizar o Estado totalitário, encarnar a Nação e guiar o destino dos alemães. Este, considerado ter qualidades “sobre-humanas”, apelava à mobilização activa no apoio ao regime e devia ser seguido sem hesitação, sendo-lhe obrigatória a prestação dum culto. Nas elites, para além do chefe, estavam também incluídos a raça dominante (raça ariana), os soldados, as forças militarizadas e os filiados no partido. Já as mulheres nazis, consideradas cidadãs inferiores, assumiam de novo a posição de “fada do lar”, dado estarem subordinadas aos maridos e aos 3 K’s – Kinder, Küche, Kirche (crianças, cozinha, igreja). Estas elites faziam-se respeitar imenso, impregnando a ideologia dominante, mantendo a Nação submissa e o fazendo cumprir estritamente a ordem.
Hitler acompanhado de algumas crianças
Desde cedo que se incutiam os ideais nazis, apelando ao nacionalismo e à obediência cega a Hitler: “Ein volk, Ein Reich, Ein Führer” (um só Povo, um só Estado, um só Chefe). Esta obediência cega era incutida principalmente aos jovens, dado que as crianças, mais do que às famílias, pertenciam ao Estado. 
O teu filho já nos pertence.” – Adolf Hitler, 6 de Novembro de 1933
Para isso, a partir dos 8 anos, os jovens ingressavam na Juventude Hitleriana, onde aprendiam o nacionalismo, a venerar o chefe, a praticar desporto,  a serem disciplinados, a serem racistas, a ganharem o desprezo pelos valores intelectuais, e a interpretarem a guerra como caminho para a glória, sendo considerados opositores ao regime os pais que não inscrevessem os filhos neste organismos. Os jovens que não frequentassem este organismo eram desprezados.


Juventude Hitleriana
 “Na presença desta bandeira de sangue, que representa o nosso Führer, juro devotar todas as minhas energias ao salvador do nosso país, Adolf Hitler. Estou desejoso e pronto para dar por ele a minha vida, juro-o por Deus.” – Juramento proferido por rapazes alemães de 10 anos ao entrarem para a Jungvolk (Juventude Hitleriana)
Os jovens tinham o dever de denunciar os pais caso estes fossem opositores ao regime, uma vez que o amor à Nação e ao Führer, de acordo com a ideologia nazi, deveria ser maior que o amor aos pais.
A educação nazi completava-se, assim, através de um ensino leccionado por professores do Partido Nazi, que haviam feito juramento de fidelidade ao regime, e por manuais escolares impregnados dos princípios nazis. Assim, a juventude era educada e preparada para servir o chefe, o Estado e a raça.
Kraft durch Freude
Na idade adulta, esperava-se também a adesão total do povo alemão ao nazismo. Como tal, era indispensável a filiação ao partido Nacional-Socialista para o desempenho de cargos de responsabilidade e de funções públicas e militares. Criou-se a Frente de Trabalho Nacional-Socialista, que forneceu condições de trabalho favoráveis aos desempregados; criou-se a Kraft durch Freude, de modo a ocupar os tempos livres dos trabalhadores com actividades recreativas e culturais, promovendo festas, espectáculos, desporto e viagens, fazendo com estes que não se afastassem da ideologia nazi; e criou-se ainda a Força pela Alegria, e o Winterhilfe, o Socorro de Inverno.
Foi instalada ainda uma máquina de propaganda que impunha uma imagem de poder, de força e de ordem, assim como também promovia o culto ao chefe, publicitava as realizações do regime e submetia a cultura a critérios nacionalistas e até racistas, estendendo-se a todos os aspectos da vida das populações.
Esta propaganda esteve presente nos grandes comícios, nos jornais, na rádio, nos espectáculos e no desporto. O chefe e o seu partido apareciam ao público em grandiosas manifestações, de farda militar e com estandartes, onde avultavam as paradas. O Führer impunha-se encenando gestos dramáticos já programados; os comícios e desfiles eram grandiosos, intimidatórios e profundamente decorados por bandeiras, cartazes, suásticas e outros símbolos bélicos que apelavam  ao culto da força e da violência. Desfilavam pelas ruas paradas militares, como as Forças Militares e as S.S., de modo a impor-se o culto da força, criando-se assim um clima de entusiasmo entre os seus apoiantes e de medo entre os seus opositores.
Hitler discursando
Da parte do Ministério da Cultura e da Propaganda, foi exercida uma verdadeira ditadura intelectual: suprimiram-se jornais; organizaram-se autos de fé onde se queimaram obras de autores proibidos (Voltaire, Marx, Freud, Proust, Einstein, etc.);  e perseguiram-se intelectuais judeus e obrigaram-nos a prestarem juramento a Hitler e a difundirem os ideais nazis. Fez também da rádio e do cinema armas indiscutíveis para o totalitarismo nazi, sendo que em 1938, 10 milhões de aparelhos de rádio, ligados a altifalantes, estavam espalhados nas ruas, fábricas e noutros locais para que toda a Alemanha pudesse ouvir o Führer.
De modo a impor a autoridade, a violência e a repressão na população, surgem alguns organismos que constituíram um verdadeiro Estado policial na Alemanha, encarregado de vigiar os locais de habitação, de trabalho e de lazer, de modo a eliminar qualquer oposição, criando-se assim um clima de delação generalizado sobre os indivíduos e a opinião pública.
Wehrmacht saudando Hitler
“Em Grossbeeren, uma cidade de cerca de 2 mil habitantes a poucos quilómetros de Berlim, um prédio de 9 famílias operárias foi inteiramente incendiado, após nazis, em uniforme, o terem assaltado. (...) Onze pessoas foram vítimas de assassinatos políticos nos últimos dias. (...)” (Notícia publicada no jornal Times, 24/02/1933)  
Considerado também chefe ou guia, Hitler criou uma polícia política, a Gestapo;  criou milícias armadas como as S.A (Secções de Assalto) e as S.S (Secções de Segurança do Partido); e voltou a fazer uso do exército, Wehrmacht.


A violência racista
Para Hitler, a História era concebida como uma luta pela sobrevivência da cultura, uma luta de raças entre os povos fundadores, transmissores e destruidores da cultura. Apoiado na teoria da selecção natural das espécies, de Charles Darwin, e no mito do super-homem, do filósofo alemão Nietzsche, Adolf defendia a existência duma raça superior à qual o povo alemão pertencia – a raça ariana. Era entendido que esta raça deveria manter-se pura, tendo como principal fim a eliminação dos elementos estranhos que a corrompessem, como Judeus, ciganos, entre outros, considerados raças nocivas e parasitas. A raça ariana devia ainda ocupar o seu “espaço vital”,  recorrendo à guerra, e deveria criar um império que unificasse todos os alemães espalhados pelo mundo.
Tendo em conta estas ideias, descritas na obra de Hitler, Mein Kampf, que obtiveram uma enorme receptividade entre os nazis e que serviram para exaltar o nacionalismo alemão e impor o triunfo da sua ideologia, foi encetada uma política de purificação da raça e de depuração dos elementos nocivos que a contaminavam.
Começou-se por fazer um apuramento físico e mental da raça ariana.
Impôs-se o eugenismo, aplicando leis da genética à reprodução humana, a fim de obter uma autêntica ‘’seleção’’ de alemães (louros, de olhos azuis, altos e robustos), isto é, com casamentos entre membros das S.S  e jovens mulheres alemãs. Incentivou-se a natalidade entre a raça ariana, assim como se promoveu a prática de desporto e a vida ao ar livre. 
Encorajou-se a eutanásia dos alemães “degenerados” como deficientes mentais, tendo sido alguns antes esterilizados; doentes incuráveis; e idosos incapacitados, chegando-se mesmo a eliminá-los em câmaras de gás. Nenhum alemão devia envergonhar a sua excelência, muito menos consumir os dinheiros da Nação sem nada lhe dar em troca.
Heinrich Himmler
Foi feito ainda um registo genealógico das S.S por Heinrich Himmler, chefe do mesmo organismo, contribuindo assim para a criação da elite biológica - os “ante-passados da Nova Alemanha”. 
De seguida, foi desencadeada uma política violentamente racista sobre Judeus e ciganos, entre outros, que viviam na Alemanha e nos países ocupados durante a II Guerra Mundial.
Hitler via os Judeus como um povo “destruidor de cultura”, uma raça inferior, um parasita que vivia no seio do povo alemão, arruinando as suas virtudes rácicas e corrompendo-o. Este considerava-os culpados da derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial e das crises económicas que se lhe sucederam.
Como tal, primeiramente, em 1933, empreendeu-se uma vaga de perseguições antissemitas: boicotaram-se as lojas de Judeus; foi instituído o numerus clausus nas universidades; chegou-se a interditar o funcionalismo público e as profissões liberais aos não arianos, originando inúmeros desempregados; e as S.S pilharam e actuaram violentamente.
O segundo movimento, iniciado em 1935, judaico consistiu na adopção das Leis de Nuremberga de modo a ser feita a “proteção do sangue e da honra alemães”. Estas defenderam a proibição das misturas raciais entre Judeus e arianos, assim como a punição para os infractores (por exemplo: pena de prisão); defenderam também que a nacionalidade alemã devia ser retirada aos Judeus.
Art. 1 - 1) São proibidos os casamentos entre Judeus e cidadãos de sangue alemão ou aparentado. Os casamentos celebrados apesar dessa proibição são nulos sem qualquer efeito, mesmo que tenham sido contraídos no estrangeiro para iludir a aplicação desta lei.
2) Só o procurador pode propor a declaração de nulidade.
Art. 2 - As relações extra-matrimoniais entre Judeus e cidadãos de sangue alemão ou aparentado são proibidas.
Art. 3 - Os Judeus são proibidos de terem em sua casa criados cidadãos de sangue alemão ou com menos de 45 anos.
Art. 4 - 1) Os Judeus ficam proibidos de içar a bandeira nacional do Reich e de utilizarem as cores do Reich.
2) Mas são autorizados a enganarem-se com as cores judaicas. O exercício dessa autorização é protegido pelo Estado.
Art. 5 - 1) Quem infringir o artigo 1º será condenado a trabalhos forçados.
3) Quem infringir os artigos 3º e 4º será condenado à prisão que poderá ir até um ano e multa, ou a uma ou outra destas duas penas.
Art. 6 - O Ministro do Interior do Reich, com o consentimento do representante do Führer e do Ministro da Justiça, publicará as disposições jurídicas e administrativas necessárias à aplicação desta lei.” (As leis de Nuremberga, 1935)
Em 1938, recorre-se a pogroms, isto é, massacres, por toda a Alemanha, como foi o caso na tristemente célebre “Noite de Cristal”. Durante esta noite, as S.S e as S.A entraram em bairros judeus, invadiram casas e sinagogas, destruíram lojas de bens, profanaram cemitérios judeus, incendiaram sinagogas e mataram muitos elementos da comunidade judaica.
"Noite de Cristal"
Liquidaram-se as empresas judaicas e confiscaram-se os bens dos Judeus. Estes ficaram proibidos de utilizar os transportes públicos; foram obrigados a usar a estrela de David, com “Judeu” escrito no centro; foram enviados para guetos, como o gueto de Varsóvia; foi-lhes interdito o exercício de qualquer profissão, assim como frequentar espaços públicos; e criaram-se milhares de prisões judaicas.


Estrela de David judaica
Os Judeus deverão ser concentrados em guetos nas cidades, a fim de melhor serem vigiados e, mais tarde, deslocados. (...) Foi emitida a seguinte ordem directiva geral:
1. Concentrar os Judeus nas cidades nos prazos mais curtos possíveis.
2. Expulsar os Judeus do Reich e enviá-los para a Polónia.

3.    Enviar os ciganos também para a Polónia.” (Instruções do chefe da Polícia de Segurança)
Em Julho de 1941, são dadas as primeiras ordens para o extermínio das minorias, sobretudo os Judeus. No entanto, é na Conferência de Wannsee, a 20 de Janeiro de 1942, realizada nos arredores de Berlim, que é definitivamente decidida a “solução final” (Endlösung): consistia na eliminação em massa de todos os Judeus nos países sob o domínio nazi.
A solução final do problema judeu na Europa deverá ser aplicada a cerca de 11 milhões de pessoas. (...) ... os judeus devem ser... Enquadrados em colónias de trabalho, os Judeus válidos, homens de um lado, mulheres de outro, serão conduzidos nestes territórios para construir estradas; uma grande parte deles ficará naturalmente eliminada pelo seu estado de decadência física.
Os que restarem... (considerados) a parte mais resistente - deverão ter o consequente tratamento.
” (Decisões da Conferência de Wannsee, 20 de Janeiro de 1942, relatadas por Heydrich)



                                  Pequeno documentário sobre Campos de concentração
                                        




Dormitórios dum campo de concentração
Os Judeus da Alemanha, depois perseguidos nas ruas, aprisionados em suas casas, encurralados em guetos onde passaram as maiores provações, e, finalmente, recenseados, eram deportados para campos de concentração.
Estes campos eram controlados pelas S.S, podendo ter outras designações: campos de extermínio; campos de trabalho, pela perversidade nazi que se lhes atribuiu; ou campos de morte, dadas as carências alimentares e de higiene, doenças, brutalidade dos trabalhos forçados, execuções sumárias, etc.
Câmara de Gás
Nestes campos, juntavam-se Judeus alemães a outros Judeus capturados pelos nazis noutros territórios ocupados. À chegada nestes campos, cortavam o cabelo aos prisioneiros, utilizado depois na confecção de tapetes e meias. Entretanto, era feita uma divisão: os mais fracos eram encaminhados para as câmaras de gás/ fornos crematórios, onde acabavam por morrer logo; os mais fortes trabalhavam na reciclagem dos cadáveres, ou eram recrutados como cobaias humanas para as empresas farmacêuticas, ou eram condenados a trabalhos forçados, servindo de mão-de-obra escrava a grandes industriais alemães.

Aqueles que se consideravam bons para o trabalho eram enviados para o interior do campo. Os outros eram encaminhados para as instalações de extermínio. As crianças pequenas eram invariavelmente exterminadas, pois não serviam para o trabalho.(Depoimento de R. Höess, comandante do campo de de Auschwitz, encarregado por Heydrich de aplicar a “solução final”, no Julgamento de Nuremberga)   

Juntamente com os Judeus, foram também enviados para os campos de concentração: ciganos, visto que os alemães acreditavam que estes descendiam das classes mais baixas da população; homossexuais, uma vez que Hitler afirmava que a homossexualidade era incompatível com a raça ariana, já que não permitia a reprodução; testemunhas de Jeová, dado que estas se tinham recusado no envolvimento politico e não serviam no exercito alemão; deficientes, na medida em que os alemães achavam que estes possuíam  uma vida que não merecia ser vivida; anarco-sindicalistas e comunistas, dado serem opositores do regime nazi; e por fim, negros, visto serem considerados inferiores e perigosos para a "raça ariana".
Alguns dos campos de concentração nazis que marcaram a história do mundo foram Belzec, Treblinka, Sobibor, Chelmno, Maidanek, e Auschwitz.
Este último foi o nome de um grupo de campos de concentração Nazi localizados no sul da Polónia, tendo sido o que mais se destacou pelo maior número de holocaustos/genocídios que causou.
Entrada de Auschwitz
Quando instalei a câmara de extermínio de Auschwitz, a minha escolha incidiu no Zyklon B, ácido prússico cristalizado, que deixávamos cair por uma pequena abertura. Eram necessários três a quinze minutos para que o gás produzisse efeito. Nós sabíamos que as pessoas estavam mortas quando deixavam de gritar. Esperávamos cerca de meia hora antes de abrir as portas para levar os corpos. (...) Construímos câmaras de gás que podiam levar 200 pessoas de cada vez...” (Depoimento de R. Höess, comandante do campo de de Auschwitz, encarregado por Heydrich de aplicar a “solução final”, no Julgamento de Nuremberga)
Auschwitz era constituído em três campos: Auschwitz I, Auschwitz II (Birkenau) e Auschwitz III (Monowitz).


Calcula-se que em todos estes campos de concentração criados na Europa tenham morrido cerca de 5,2 a 6 milhões de Judeus, tendo sido este o extermínio mais rápido, mais económico, e melhor planeado e organizado da história da Europa.
Genocídio


Autarcia e dirigismo económico do Estado Nazi
De modo a superar a crise económica, dada a crise do pós-guerra, e, mais tarde, os efeitos da Grande Depressão, o regime nazi adoptou uma política económica intervencionista e nacionalista, no sentido de apelar à auto-suficiência económica. Esta política ficou conhecida como Autarcia.
Para isso, Hitler levou a cabo dois planos quadrienais, iniciados em 1936, que deram à economia um aspecto de guerra, com destaque para a produção de sintéticos, fazendo da Alemanha uma potência belicista.
Criaram-se programas de geração de empregos e de produção de armas, o que levou à diminuição do número de desempregados. Foram criadas auto-estradas, destacando-se a construção das Autobahnen, auto-estradas essenciais aos movimentos das tropas motorizadas; criaram-se também pontes e linhas férreas, sendo assim possível a fixação de preços, e como tal, a Alemanha tornava-se um país auto-suficiente. Desrespeitando as imposições de Versalhes e sustentada pelo grande capital, a indústria elevou-se ao segundo lugar mundial nos sectores de siderurgia, química, electricidade, mecânica e aeronáutica.
Tudo isto rendeu a adesão das massas e admiração ao nazismo, assim como fez a Alemanha progredir em direcção ao sucesso.


Política expansionista-imperialista Nazi – ocupação do “Espaço Vital”
Com todo este poderio militar, Hitler encetou uma política expansionista e imperialista, para formar uma “Grande Alemanha” (o III Reich), visto que um povo superior necessita do seu “espaço vital”, que devia ser conquistado pela força, se necessário.
De modo a impor o seu expansionismo e imperialismo, Hitler foi fortalecendo a sua posição com a pouca resistência que encontrava.
Em 1935, a região do Sarre, até então administrada pela Sociedade das Nações, foi reintegrada no território nacional. Em 1936, a Alemanha invadiu a Renânia e assinou mais tarde um pacto com o Reino Unido, em 1935, permitindo o seu rearmamento naval do país até então restrito.
Em 1936, inicia-se uma guerra civil em Espanha entre republicanos e nacionalistas. A fim de se acabar com os ideais republicanos e comunistas, apoiados pela União Soviética, e  de modo a impor um regime nacionalista, a Espanha permitiu à Alemanha e à Itália, durante o conflito civil, que estes testassem no território espanhol as novas armas e tácticas, mais tarde utilizadas na segunda guerra mundial.
Benito Mussolini e Adolf Hitler
Para obter apoio caso se originasse uma eventual 2ª Guerra Mundial, a Alemanha criou duas alianças político-militares: o Eixo Roma-Berlim, aliando-se à Itália; Eixo Berlim-Tóquio, aliando-se ao Japão, assinando ainda o pacto Anti-Komintern, que defendia a abolição da Internacional Comunista. Configura-se assim a Tríplice Aliança, aquando da adesão da Itália também a este pacto em 1937, que se manterá até ao fim do segundo conflito mundial.
No entanto, o grande objectivo de Adolf era dominar a Europa, ou seja, alargar o seu “espaço vital”.
Como tal, continuou então o avanço da concretização do III Reich: em 1938, a Áustria foi anexada ao território alemão, realizando-se assim um dos objectivos da obra de Hitler (Mein Kampf); anexou-se também a região dos Sudetas, até então pertencente à Checoslováquia.
A 1 de Setembro de 1939, Hitler invade a Polónia, desrespeitando o tratado de defesa desta. Dois dias depois, a França e o Reino Unido declararam guerra à Alemanha, iniciando-se assim a Segunda Guerra Mundial, na qual se defrontaram dois blocos: o bloco Eixo, constituído pela Alemanha, Itália e Japão; e o bloco dos Aliados, constituído pela França, Inglaterra, e, então mais tarde, União Soviética e Estados Unidos da América.




                                              Desfile Nazi após a invasão à Polónia
                                                  


Depois de 6 anos de conflitos, invasões, avanços e recuos, a Segunda Guerra Mundial viria a acabar, assim como o regime Nazi.


Fim do Regime Nazi
A 6 de Junho de 1944, conhecido como o “Dia D”, mais de 150 000 soldados Aliados desembarcaram de madrugada na costa da Normandia, que avançaram pela França adentro e conseguiram deter o exército nazi. Graças a estes e ao Exército Vermelho, comandado pela União Soviética, o exército nazi começa a desmoronar-se, voltando a serem restituídos todos os países da Europa até então dominados pela Alemanha. A 16 de Abril de 1945, o Exército Soviético lança o ataque final a Berlim, obrigando as forças nazis a renderem-se.
Após ter permanecido em Berlim num bunker, desprovido de qualquer apoio, e convencido de que fora traído pelos seus subordinados e que a história o vingaria, Hitler suicidou-se a 30 de Abril, marcando assim o fim do Nazismo.
Quando a música acabar, apaguem as luzes.” (Palavras de Adolf Hitler antes de se suicidar, 1945)
Curvado e abatido, Hitler, à beira da morte, inspeciona se há danos na chancelaria.



Bibliografia:
Couto, C; Rosas M A; "O tempo da história" 1ª parte - História A 12ºano. Porto Editora.

Antão, A; Preparação para o Exame Nacional 2011 História A 12. Porto Editora.
Selecção do Reader's Digest, Os grandes acontecimentos do século XX ,
Grimberg, C.; "História Universal 19 - Da primeira Guerra Mundial à vitória de Roosevelt em 1932".


Webgrafia:
wikipédia.com
infopedia.com

Outros:
Apontamentos das aulas.

Trabalho realizado por: José Francisco nº20

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