terça-feira, 22 de novembro de 2011

Da Revolução de Outubro de 1917 à Ditadura Estalinista .

Dualidade de poderes


Reunião do Soviete de Petrogrado

Após a revolução de Fevereiro de 1917 na Rússia, à qual se deveu a queda do czarismo na Rússia e a entrega do poder a um Governo Provisório de cariz burguês e liberal, tudo poderia parecer perfeito. Não o era de facto – existia uma forte dualidade de poderes. De um lado, encontrávamos o Governo Provisório, presidido primeiramente por Lvov e, em seguida, por Kerenski, que defendia a criação de um regime de democracia parlamentar e representativo, tendo legislado nesse sentido: amnistia para os opositores do czarismo que haviam escapado à repressão da monarquia; a criação das liberdades públicas; a regulamentação do horário de trabalho (8h por dia); a criação de um Estado laico; e o sufrágio universal. Contudo, apesar do descontentamento que tal gerava, manteve a Rússia na Primeira Guerra Mundial, recusando uma paz precoce em que o país pudesse sair humilhado e lesado em termos territoriais. Do outro lado, encontrávamos o Soviete de Petrogrado, influenciado pelos bolcheviques que voltavam do exílio, como Lenine – Defensor dos ideais do marxismo, adaptados pelo mesmo. Defendia ainda que as ditaduras do ocidente eram incompletas e apenas apoiavam os capitalistas. - e Trotsky. Exigiam que o poder fosse entregue aos sovietes, isto é, desejavam uma nova revolução que instaurasse a ditadura do proletariado que conduziria à sociedade comunista – sem classes -, o desejo final. Defendiam ainda a nacionalização de toda a economia russa, o controle de produção pelos operários, a entrega do poder ao proletariado e a saída da guerra.

Revolução de Outubro de 1917
Comunismo de Guerra

Após a adesão entusiasta, rapidamente surgiram os problemas, visto que os grandes proprietários resistiam às expropriações, a economia encontrava-se um caos e o desemprego parecia aumentar cada vez mais. Além disto, os bolcheviques perderam as eleições para a Assembleia Constituinte. Perante tudo isto deu-se uma guerra civil (1918 – 1920), que opôs Brancos – opositores internos e estrangeiros – e Vermelhos – Bolcheviques e Sovietes. Perante a situação de Guerra Civil, os bolcheviques não cruzaram os braços.

Trotsky com o Exército Vermelho

Puseram rapidamente de pare a Democracia dos Sovietes e implementaram o Comunismo de guerra, com medidas mais dura que as anteriores. Concretizava-se assim a Ditadura do Proletariado. Desta vez toda a economia foi nacionalizada – terras, fábricas, transportes, bancos, etc.), foi instaurado o trabalho obrigatório dos 16 aos 50 anos, as greves e os partidos políticos – excepto o PCUS - foram proibidos e iniciou-se uma repressão muito dura, através da polícia Tcheca, da censura e de prisões e campos de trabalho. A Ditadura do Proletariado na Rússia deteve características particulares, sendo instaurada num clima de guerra e contra o desejo da população. 

Cartaz alusivo ao Comunismo de Guerra

No ano de 1919 realizou-se o Kormitem, cujo objectivo era unir todos os partidos comunistas no mundo, para espalhar a revolução soviética. Em 1922 assistiu-se à criação da URSS – Estado federalista e multinacional. O Comunismo de Guerra concretizou-se de igual modo através do Centralismo Democrático, que consistia num sistema organizativo de tipo novo em que os órgãos governativos eram eleitos de forma democrática por etapas e degraus. Contudo, as bases ficavam subordinadas às directivas do por central, das cúpulas. Era assim um sistema com uma linha democrática – estabelecia o voto popular – e com uma linha autoritária – cumprimento das directivas emanadas pelo poder central sem contestação.

NEP

Cartaz de apoio à Nova Politica Económica
   Contudo, as medidas do Comunismo de Guerra não resultaram, visto que, após a Guerra Civil, os problemas eram inúmeros: milhões de mortos; cidades despovoadas; caos económico; fome; resistência às nacionalizações e revoltas da população. Perante isto, Lenine, crente de que a ditadura de proletariado não deveria assentar apenas no poder dos sovietes mas também no progresso económico, decide enveredar, no ano de 1921, por uma nova política económica, a NEP - Nova Politica Económica. Esta era uma tentativa de relançar a economia socialista através da introdução de algumas medidas capitalistas, isto é, através de uma coexistência de um sector privado e de um sector socialista. Assim, interrompeu-se a colectivização agrária, os camponeses passaram a poder produzir e vender os seus produtos, desnacionalizou-se as empresas mais pequenas e assistiu-se a um investimento proveniente do estrangeiro, a partir da maquinaria e técnicas. Não foi uma volta total ao capitalismo, apenas parcial, resguardando assim o Estado Socialista. Perante estas medidas a economia soviética conseguiu recuperar e viu as suas produções crescerem.


O Estalinismo

Início da Ditadura Estalinista

Estaline
    No ano de 1924, Lenine acaba por falecer. Surge assim o problema da sucessão, sendo o seu cargo agora disputado, principalmente, por Estaline e Trotsky. Sobre Estaline, Lenine, ainda vivo, afirmava ter dúvidas que o mesmo fizesse um uso moderado do poder, afirmando que o mesmo é demasiado brutal, intolerante, pouco leal e com um humor extremamente complicado. Defendera também a sua demissão do lugar de secretário-geral do Partido Comunista, que ocupava desde 1922. Já sobre Trotsky, Lenine afirmava que talvez fosse o homem mais capaz do Comité Central. Por outro lado, detinha um excesso de segurança e centrava-se demasiado nas funções administrativas. Apesar da opinião de Lenine, foi mesmo Estaline que se tornou chefe incontestado da União Soviética após a morte do mesmo, iniciando a Ditadura Estalinista (1928-1953). Estaline centrou-se na construção de uma sociedade socialista e em transformar a URSS numa potência a nível mundial.
                                                                                                               
     Economia Estalinista

Cartaz de apelo à partida para o kolkhoze
   Estaline centrou-se fundamentalmente na colectivização agrícola e na planificação da economia. No primeiro ano de governo o que fez de imediato foi abolir a NEP, iniciando um processo de colectivização dos campos, considerado importante na medida em que libertaria os camponeses para irem trabalhar para as fabricas – avanço industrial - e forneceria alimentos para os operários. Estaline nacionalizou assim todos os sectores da economia, como acontecera no comunismo de guerra, e todos os antigos proprietários tornaram-se apenas assalariados do Estado. Obviamente que encontrou oposição, nomeadamente os kulaks, contra quem o movimento foi realizado de uma forma brutal, e os nepmen. Contudo, Estaline resolveu esta oposição através da repressão: ou eram enviados para os gulags ou sofriam a execução. Tendo em vista a colectivização agrária, apareceram então os kolkhozes – cooperativas de produção, que correspondiam às antigas aldeias, onde agora as famílias deveriam entregar a sua produção, que seria distribuída pelo Estado e pelos camponeses -, os sovkhozes – quintas do Estado cultivadas por assalariados – e as MTS – estações de maquinaria de apoio aos agricultores. Apesar das resistências, os resultados acabaram por ser imensamente satisfatórios.Assistiu-se também à implementação da autarcia, isto é, à planificação da economia. Esta planificação opunha-se aos princípios da livre-iniciativa e concorrência, basicamente, ao capitalismo. Assim, definem-se prazos e metas para sectores específicos da economia. Surgem então os planos de cinco anos de Estaline. O primeiro plano quinquenal (1928-1933) tinha como principal objectivo a criação das bases da economia socialista. Assistiu-se às medidas de colectivização referidas acima e, em relação à indústria, a prioridade foi concedida à indústria pesada, siderurgia e electrificação. No segundo plano quinquenal (1933-1938) a atenção voltou-se de igual modo para as indústrias ligeiras de produção de bens de consumo. O terceiro plano quinquenal (1938) tinha como prioridades as indústrias pesadas, hidroeléctrica e química, contudo, foi interrompido pelo início da Segunda Guerra Mundial. Tanto a produção agrícola como a produção industrial aumentaram devido aos planos. Os resultados desta planificação foram imensamente satisfatórios e a Rússia tornou-se numa potência a nível mundial. Estaline conseguira assim, claramente, atingir os seus objectivos.Estaline defendia que as riquezas naturais existiam, claramente, no país, bem como o desejo de aproveitar esses recursos em benefício do povo. Além disso afirma que o mesmo o apoia e que a URSS consegue estar isenta dos problemas do capitalismo através desta disciplinada planificação da economia, oposta ao ocidente.Contudo existiram de igual modo críticas à industrialização Estalinista. A disciplina era um carácter extremamente severo e os trabalhos forçados uma constante, sendo os trabalhadores deportados para onde fossem necessários, sem olhar à sua posição.

    Princípios ideológicos do Estalinismo
 
Juventude Comunista
    
    Passemos agora, finda a parte económica, à descrição política do Estalinismo. Este revelou-se totalitário e omnipotente, consagrado na figura de Estaline. Em primeiro lugar, as populações viram-se privadas das suas liberdades fundamentais e sujeitas a tudo o que o Estado ordenasse. Além disto, só existia um partido político, o Comunista - PCUS. Partidos da oposição não eram permitidos, as eleições eram apenas entre candidatos do Partido Comunista e o mesmo controlava os órgãos do Estado, através do centralismo democrático, e os sindicatos. E onde ficou a igualdade de classes da doutrina marxista outrora tão defendida pelos comunistas? Desapareceu. Outra característica era o enquadramento da população em organizações que a vigiavam e incutiam as ideias formadas. Este enquadramento ia desde os jovens – Pioneiros e Juventude Comunista – até aos trabalhadores – filiados nos sindicatos do PCUS. Nestas organizações eram lhes incutido o culto da obediência bem como o culto da personalidade. A cultura russa foi obrigada a exaltar o Estado soviético, bem como o seu grandioso chefe, Estaline. Existia de igual modo um total desrespeito pelos direitos humanos e um culto notório da violência, nomeadamente, pela NKVD, policia politica.
      
    Repressão Estalinista

Gulag
     
   A repressão era notória na população em geral, acabou por surgir de igual modo dentro do próprio Partido Comunista. Os antigos bolcheviques já haviam quase desaparecido devido às purgas instauradas por Estaline, e os jovens, muito mais instruídos, nem ousavam em questionar as suas acções. Quem contestasses podia rapidamente ser condenado por um crime que poderia nem ter cometido.  O PCUS transformou-se num partido de quadros, extremamente burocrático e disciplinado, facilitando assim o reforço do poder do mesmo. O Estado totalitário aguentou-se assim à custa da repressão, pela NKVD. A partir de 1934, a situação piorou, aparecendo a repressão crónica que enveredou pelas purgas e processos políticos. O Partido Comunista e o Exército Vermelho foram alvos da ira de Estaline, sendo que muitos foram deportados para Gulags - campos de trabalho forçados para onde partiam os inimigos do regime- , outros liquidados. Um dos exemplos desta repressão doentia foram os Processos de Moscovo, em que membros do PCUS e que tinham participado na Revolução de Outubro foram obrigados a confessar crimes contra o Estado. Estaline governava sozinho e de maneira autoritária. Os membros do PCUS não podiam dar qualquer tipo de ideias, muito menos contrariar as suas vontades. A Ditadura Estalinista foi um marco na humanidade que, dificilmente, se esquecerá´, sendo que, o seu líder, era um homem duro, até cruel. Para terminar deixo uma citação que confirma isso mesmo: 
    
    " A morte resolve todos os problemas - sem homens, sem problemas."

      Fontes: 
      - Apontamentos do caderno
      - Manual "O Tempo da História" 1ª parte, 12º ano. 
      - Guia de Estudo 12º ano, Porto Editora


    Trabalho realizado por: Ana Sofia Cardoso 12º I nº3

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