Introdução
Nos anos 90, após a queda do mundo soviético, concretizada na
dissolução da URSS, o mundo sofreu variadas alterações a todos os níveis.
Assim, o mundo desenvolvido passou a concentrar-se especialmente em três zonas,
nomeadamente os Estados Unidos da América, a União Europeia e a Ásia-Pacifico.
Nestas regiões concentrava-se a maior parte da riqueza mundial e a tecnologia
mais desenvolvida. Formava-se assim uma tríade, sendo que as relações entre as
três regiões são de uma importância significativa, representando a maior parte
das exportações a nível mundial e um PNB per capita elevado. Contudo, o gigante
americano evidenciava-se perante as outras regiões, sendo o que mais
beneficiara com a queda do seu principal rival de outrora, bem como com a dissolução
das suas instituições político-militares, nomeadamente o Pacto de Varsóvia e o
Comecon. Os EUA transformaram-se então na primeira potência a nível mundial.
Prosperidade Económica
Com um PNB de cerca de 12 biliões de dólares, os EUA eram,
sem margem para dúvidas, a primeira potência económica a nível mundial. Na base
desta prosperidade encontravam-se os princípios que haviam sido sempre
defendidos pela nação, nomeadamente a livre iniciativa e a livre concorrência –
mais concretamente, o modelo capitalista. O Estado é o principal apoio para
quem deseja iniciar o novo negócio em território americano, assegurando
condições exímias para tal. Ainda nos anos 80, foram adoptadas medidas
neoliberais durante os Governos de cariz republicano de Ronald Reagan e George
W. Bush. Assistiu-se a uma redução da carga fiscal bem como dos encargos com a
segurança social; as restrições ao despedimento são reduzidas bem como à
deslocação da mão-de-obra; assistia-se a uma utilização constante do trabalho
precário e em part-time e a um forte investimento em maquinaria que viria a
reduzir os custos da produção; o recurso ao crédito foi facilitado e o dólar
valorizado; entre outras medidas que serão referidas adiante. O Estado era
assim o principal impulsionador da economia americana, com todos os benefícios que
concedia. Apesar das multinacionais serem as principais impulsionadoras do
modelo económico americano, as pequenas empresas também contribuem para o
mesmo, proporcionando desenvolvimento e criando vários postos de trabalho para
a população. Perante todos estes factos, estranho seria se os EUA não fossem
considerados o principal percursor da economia a nível global. Se uma crise
económica abala o país, consequências surgirão por todo o globo, tal como
acontece na actualidade.
- Agricultura
Produção americana de soja |
Os Estados Unidos ocupam o primeiro lugar na exportação de
produtos agrícolas a nível mundial, apesar da concorrência europeia. As
unidades agrícolas e pecuárias têm uma elevadíssima produtividade, esta causada
por uma maquinaria altamente desenvolvida e por avanços tecnológicos notáveis. Os
grandes complexos agro-industriais existentes no Sul do território detêm uma
enorme produtividade, sendo que a criação de gado se concentra no Nordeste do
país, nomeadamente nos feedlots. Devido a tal, grandes empresas, como é o caso
da Coca-cola (vinhedos e citrinos) e da Boeing (criação de gado), realizam
fortes investimentos na actividade agrícola. A agricultura americana beneficia
ainda da aliança com as diversas indústrias, como a maquinaria agrícola e a
produção de sementes. As empresas agro-alimentares americanas, como é o caso da
Phillip Morris (Tabaco) e da Monsanto (Sementes transgénicas), ocupam o
primeiro lugar no ranking mundial. Outras empresas, como a Pepsico (bebidas e
restauração), Sara Lee (Gado), entre outras, ocupam de igual modo lugares de destaque.
Além disso, a produção de soja constitui 50,5 % da produção mundial, e a
produção de milho constituiu 41,5 %, ocupando ambas o primeiro lugar no
ranking. Outras produções como a de citrinos e porcinos ocupam o segundo lugar,
sendo que o trigo ocupa o terceiro e as oleaginosas e os bovinos o quarto.
Perante tais dados, podemos facilmente perceber o quão importante é a
agricultura americana a nível global. O complexo agro-industrial americano é
extremamente importante para o desenvolvimento da economia da mesma nação, sendo
que, no início do século XXI, promovia 20 milhões de postos de trabalho e
representava 18 % do PIB americano. Tais números demonstram a sua importância.
- Indústria
Região do Sun Belt |
A indústria americana ocupa de igual modo um lugar de
destaque na economia da nação, representando ainda um quarto da produção a
nível mundial. Contudo, a mesma sofreu importantes alterações. Nos anos 60, as
indústrias têxtil e siderúrgica eram as mais dinâmicas, sendo extremamente
importantes no contexto da economia americana. A região denominada de
Manufacturing Belt, que se localizava no Nordeste americano, era uma das mais
importantes, sendo considerada o coração da indústria dos EUA. Contudo, estes
sectores tradicionais entraram em declínio profundo, ganhando relevo as
indústrias de alta tecnologia. Apesar de o centro financeiro da América, várias
empresas e universidades se localizarem ainda no Nordeste, esta zona passou
para segundo plano face à nova Sun Belt, localizada na ensolarada faixa
sudoeste dos EUA. Esta transforma-se agora no novo motor da indústria americana,
beneficiando de uma posição geografia extremamente agradável para manter
contactos com a região do Pacifico e da América Latina, bem como do dinamismo
das indústrias electrónicas, aeroespaciais, entre outras indústrias de alta
tecnologia que aí se localizam. A região de Silicon Valley, situada a sudeste
de São Francisco, é considerada o expoente máximo da tecnologia, a imagem do
triunfo da mesma. Na região situam-se empresas como a Philips, a Sony, a Apple,
a Intel, entre outras. Podemos constatar a importância desta região na economia
através de pequenas frases retiradas de um excerto de um artigo do New York
Times, do ano de 2003: “ (…) a Califórnia vive os anos 2000 ao ritmo da
instrumentalização médica avançada, uma combinação do software e das
biotecnologias. Só em Silicon Valley, 37 000 pessoas trabalham já neste sector,
a maior de concentração de todos os Estados Unidos.” Além desta reconversão
profunda, existiram outras mudanças. Variadas empresas americanas foram
deslocalizadas para países como o México, devido ao baixo custo da mão-de-obra,
sendo denominadas de maquiladoras. Para finalizar a análise da indústria
americana é importante referir que os EUA ocupam o primeiro lugar a nível
mundial na produção de produtos farmacêuticos, automóveis, têxteis sintéticos e
alumínio.
- Comércio
Bill Clinton a assinar o documento que faria nascer a NAFTA |
Durante o mandato de Bill Clinton (1993 – 2001), os laços
comerciais com o exterior foram matéria de destaque, sendo considerados
prioridade perante os outros sectores. Na altura, a União Europeia dominava o
comércio a nível mundial. Para contrariar esta tendência e conseguir rivalizar
com o conjunto de países europeus, Clinton tomou duas medidas, que também
serviram para revitalizar a economia da nação. Em primeiro lugar procedeu à
revitalização da APEC (Cooperação Económica Ásia-Pacifico), que havia sido
criada no ano de 1989. Aproximava-se assim à zona do Sudeste Asiático,
participando no seu crescimento económico. Em segundo ligar procedeu à criação
da NAFTA (Acordo de Comércio Livre da América do Norte), no ano de 1994,
estimulando assim o comércio entre os EUA, Canadá e México, sendo que estipula
a livre circulação de capitais e mercadorias nestas regiões. O Canadá e o
México beneficiaram deste acordo devido à prosperidade que a nação americana
atravessava, contudo, a dependência face ao território foi o preço a pagar, um
pouco elevado. Foi com o receio desta dependência que a criação da ALCA (Área
de Livre Comércio das Américas) foi boicotada por um número esmagador de
organizações latino-americanas. Os novos laços comerciais estimularam a
economia americana em grande escala.
- Tecnologia
Cartaz da região com os dísticos das empresas aí estabelecidas |
O país que mais investe no avanço tecnológico a nível mundial
é, sem dúvida, os Estados Unidos da América, disponibilizando mais verbas que o
conjunto do G8. Esta é extremamente importante para o desenvolvimento e prestígio
de um país. Alicerçados na tecnologia, os EUA garantem assim a sua supremacia
económica e militar. O Estado financia a pesquisa privada, em cerca de 50 %, e apoia
na medida em que realiza grandes encomendas de sofisticado material de cariz
militar e paramilitar. Existe uma ligação entre as descobertas científicas e a
sua aplicação à economia de mercado, sendo a mesma possível devido à existência
de tecnopólos. Estes são parques tecnológicos que concentram, na mesma área,
especialistas de universidades e diversas empresas ligadas à tecnologia. Assim,
universidades prestigiadas, centros de pesquisa e empresas trabalham de uma
forma articulada e extremamente proveitosa para o desenvolvimento tecnológico.
O tecnopólo de Silicon Valley, referido anteriormente, é um dos mais
importantes, sendo que foi no mesmo que surgiu a poderosa Internet. A
tecnologia é ainda posta ao serviço da defesa e do sector civil, demonstrando a
importância da política militar para o sector económico. O sector terciário
ocupa assim 75 % da população activa e traduz-se em 70 % do PIB. ~
Hegemonia político-militar
Militares americanos na Guerra do Golfo |
Nos anos 90 a divisão do mundo em dois blocos chegou
finalmente ao fim, nascendo uma época em que existia a esperança da cooperação
e paz entre as nações de todo o mundo. Perante o final da Guerra Fria, os
Estados Unidos da América passaram a deter uma hegemonia político-militar. Os
vários presidentes americanos souberam aproveitar esse poder em virtude dos
seus interesses, intrometendo-se em variados conflitos a nível mundial. George
W. Bush (pai), defendia a criação de uma nova ordem mundial que assentaria nos
valores fundadores da ONU. Perante a defesa destes valores, a ONU acaba por
aprovar a intromissão americana de cariz militar no conflito no Kuwait, um país
rico em petróleo que havia sido invadido no ano de 1990 pelo Iraque. Inicia-se
assim, no ano de 1991, a Guerra do Golfo. A mesma foi transmitida para todo o
mundo a partir da televisão, demonstrando a supremacia militar americana. O exército
iraquiano, apesar de extenso, não teve qualquer hipótese contra o forte e
desenvolvido armamento americano. A tecnologia chegava a ponto de impressionar
e, graças a mesma, o conflito durou pouco mais de um mês, sendo conseguida a
libertação da região, tal como desejado pelos americanos.
Militares americanos na Somália |
Os EUA detinham uma
completa hegemonia político-militar, sendo que o Japão pouco despendia com a
defesa e a União Europeia atravessava algumas dificuldades, não conseguindo
alcançar uma política externa comum. O poderio americano encontrava-se mais do
que evidente, sendo que os americanos passaram a ser considerados os “polícias
do mundo”. Perante tal importância, não se coibiram de realizar variadas
acções. Em primeiro lugar, impuseram sanções económicas, como a interdição de
venda de variados produtos, às nações que desrespeitassem os direitos humanos,
fossem adeptas da repressão politica e suportassem organizações terroristas.
Tal medida pôs em risco 75 países! Em segundo lugar reforçaram o papel da Nato.
Apesar da mesma parecer não ter importância após o final do Pacto de Varsóvia,
a mesma atribuiu a si própria a função de se encarregar da segurança europeia,
podendo intervir militarmente se fosse necessário. Países anteriormente membros
do Pacto de Varsóvia acabaram por ingressar na Nato. Em terceiro lugar,
assumiram um papel militar extremamente activo, não se coibindo de intervir em
variados conflitos militares. Ainda com George W. Bush (pai) procedeu-se à
operação humanitária “Devolver a Esperança” na Somália. Durante a presidência
de Bill Clinton envolveram-se em conflitos armados nomeadamente na Jugoslávia e
no Haiti.
Soldados americanos em operação no Iraque |
Durante a presidência de George W. Bush (filho), sucedeu-se o ataque
terrorista ao World Trade Center, no ano de 2001, onde morreram imensos
cidadãos americanos. Este foi o primeiro alerta verdadeiro para a ameaça
crescente do terrorismo. Começou assim a luta americana contra a Al-Qaeda e o
seu líder, Bin Laden, sendo que, Bush pronunciou uma frase extremamente
polémica e que demonstra verdadeiramente a hegemonia americana a nível político-militar:
“Ou está connosco, ou está com os terroristas.” Perante tal, procedeu-se à
invasão do Afeganistão, com o mote de que o mesmo albergava campos de treino
para terroristas islâmicos, e, no ano de 2003, assistiu-se à invasão do Iraque,
esta muito contestada. Os EUA afirmavam que o território possuía armas de
destruição maciça, contudo, as mesmas nunca foram encontradas. O golpe que
derrubou o regime de Sadam Hussein, trouxe diversos problemas para a
administração de Bush, sendo que a mesma encontrava-se incapaz de instaurar um
regime democrático no país e existia um crescente radicalismo das facções
locais, tudo isto perante a inconsistência das razões que levaram os EUA a
invadir o território iraquiano. Para a intromissão nestes conflitos, os EUA
invocam a defesa da liberdade e da democracia, contudo, nos anos mais recentes,
cada vez mais são as pessoas que padecem de antiamericanismo. Estas afirmam que
as invasões ocorrem não pela defesa dos ideais, mas sim pelo desejo de
crescimento económico, nomeadamente o desejo de controlo de territórios ricos
em petróleo. Afirmam ainda que é necessário rentabilizar os gastos com a defesa,
sendo que os mesmo prejudicam a economia americana e, consequentemente, a
mundial. A eleição de Barack Obama, no
ano de 2008, trouxe consigo uma onda de entusiasmo e esperança de mudança. Na
verdade, o mesmo já começou a retirar as tropas do Iraque, entre outras medidas
que em muito agradaram.
Conclusão
A hegemonia americana desde a queda do Muro de Berlim até aos dias de hoje é extremamente notória a todos os níveis da sociedade. Com forte impacto na economia, no comércio mundial, nos avanços tecnológicos, os EUA são considerados uma super-potência, sendo ainda mais temidos devido ao seu poderio politico-militar e ao seu estatuto de policias do mundo.
Fontes:
- Manual "O Tempo da História", 12º ano, Célia Pinto do Couto e Maria Antónia Rosas, da Porto Editora.
- Guia de Estudo História A, 12º ano, da Porto Editora.
- Apontamentos das aulas
Trabalho realizado por:
- Ana Sofia Cardoso, nº3
uou gg
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminar