O período anterior à integração
europeia é caracterizado pela instabilidade política e pela precariedade
económica traduzida numa elevada inflação, elevadas taxas de juro e de
desemprego, fraco desenvolvimento tecnológico e redes comunicacionais, assim como
um fraco dinamismo empreendedor.
A 28 de março de 1977 foi
formulado o pedido português de adesão à CEE cujo objetivo era o de reduzir o
isolamento internacional promovido durante Estado Novo. No entanto, até que o
acordo fosse assinado passaram oito anos uma vez que no país cresceram dois
focos de oposição. Por um lado, a fação de esquerda e o Partido Comunista
receando o aumento da dependência portuguesa relativamente a países
capitalistas, por outro lado, a fação de direita alegando que a adesão à CEE
poria em causa os valores e a produção nacional. Finalmente, a 12 de junho de
1985, o acordo é assinado e a 1 de janeiro de 1986 Portugal entra,
oficialmente, ao lado da Espanha na CEE.
O FEOGA - Secção Orientação teve em vista o desenvolvimento das estruturas de produção, transformação e comercialização de produtos agrícolas. |
Assim se compreende que Mário Soares, o primeiro-ministro de
então, tenha afirmado que após a entrada na UE, Portugal deu um “grande salto
em frente” para entrar “no primeiro Mundo”.
A partir de 1993 e até 1995 houve um pequeno abrandamento no
crescimento o que podemos verificar, por exemplo, através do Quadro 1 sobre a
Taxa de Crescimento do Emprego (entre os anos considerados, ‘93-’95, a taxa foi
negativa). A partir de 1995 foi possível observar um país completamente mudado
a nível económico e estrutural, comparativamente a uns anos anteriores quando o
país estava sob a alçada de uma ditadura conservadora, ou de Governos
Provisórios.
Assim observa-se uma drástica redução das Unidades Coletivas de Produção, da população e produção agrícola, mesmo após uma grande quantidade de apoios comunitários; a perda de importância da indústria pesada como, por exemplo, a siderurgia e da indústria em geral que sofre com a competitividade internacional e com o aparecimento dos Novos Países Industrializados; um impulso na exportação nomeadamente ao nível das máquinas, em oposição à grande queda sofrida pelo vestuário e calçado, por exemplo; a importância do setor terciário, que alberga os transportes e grandes superfícies comerciais, entre outros, e que foi fortemente apoiado pelos investimentos nas infraestruturas como as redes de estradas e telecomunicações; um conjunto de obras públicas de grande importância como o alargamento e melhoria da rede do metropolitano de Lisboa e a construção do Parque das Nações. Um dos aspetos que deve ser salientado corresponde a uma situação contrária àquela proposta pela Constituição de 1976 e é relativa à privatização de alguns setores como a banca e os transportes, o que só foi possível após a revisão constitucional de 1989 que eliminou a irreversibilidade das nacionalizações. A atribuição de crédito para a habitação, por exemplo, é facilitada e assiste-se a uma explosão na concessão dos mesmos; a nível fiscal, adotou-se o Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA) e introduziu-se o Imposto sobre o Rendimento das pessoas Singulares (IRS) e Coletivas (IRC). Pode-se, ainda, referir que o cumprimento das diretrizes propostas pela União Económica e Monetária prevista no Tratado de Maastricht levou à estabilidade cambial, à desinflação e à redução das taxas de juro para Portugal. Assim, foi-lhe possível integrar o conjunto de países que aderiram à moeda única europeia, o Euro, em 1999.
Na entrada para o século XXI, a prosperidade económica
portuguesa parecia definhar. A crise económica americana associada à recessão
mundial e aos choques petrolíferos arrastaram Portugal e a sua frágil economia.
Essa fragilidade advém do défice crónico do orçamento de estado; do elevado
Índice de Dependência de Idosos; da elevada dependência energética
relativamente a combustíveis fósseis (o que nos deixa mais propícios de ser
afetados aquando da ocorrência dos choques petrolíferos); do baixo nível de
escolaridade e qualificação da população ativa; da grande burocratização dos
serviços; do excessivo consumo público, normalmente acima das possibilidades de
cada família, entre outros fatores. Este conjunto de situações provocou
problemas a nível económico-financeiro, nomeadamente, a deslocalização das
multinacionais para outros países europeus que aderiram recentemente à UE como
a Lituânia ou a Roménia ou empresas nacionais que se deslocalizam para Angola,
por exemplo; a falência das empresas que não resistem à crise; o endividamento
das famílias juntamente com o crescente desemprego tem como consequência a
diminuição da qualidade de vida e aumento de problemas sociais como a
criminalidade e a prostituição.
A evolução demográfica portuguesa é outro dos problemas a
ter em conta com a entrada no novo milénio. O número de idosos é cada vez maior
comparativamente ao número de jovens. A taxa de mortalidade decresce assim como
a de natalidade. Logo, a população portuguesa encontra-se bastante envelhecida
como podemos observar na pirâmide etária, onde a base é estreita (poucos
jovens) em comparação com um topo largo (muitos idosos). Esta situação,
associada a outros problemas, poderá levar à falência da Segurança Social uma
vez que o pagamento das pensões não poderá ser compensado com os descontos da
população ativa uma vez que esta é cada vez menor.
A empresa Qimonda foi uma das maiores empregadores em Portugal, que se viu forçada a encerrar, despedindo centenas de trabalhadores |
A nível regional encontramos cada vez mais o interior do
país mais desertificado, mais envelhecido e menos qualificado, apesar das
contribuições comunitárias que visavam combater esse mesmo problema. Assim, as
periferias das grandes cidades crescem ao mesmo tempo que os centros das
cidades perdem população, que não suporta os elevados custos da habitação nesse
mesmo local. Os subúrbios crescem rapidamente e com falta de planeamento.
Densidade populacional |
A nível migratório pode-se salientar que a imigração teve
quatro períodos diferentes: Após o 25 de Abril chegam imigrantes vindos das
antigas colónias como, por exemplo, da Angola e devido à sua baixa qualificação
encontram emprego principalmente na construção civil; em finais da década de
80, o país recebe uma vaga de imigrantes brasileiros que têm em vista o país em
franco desenvolvimento e o fácil acesso à Europa; nos anos 90 os imigrantes
chegam do leste europeu, recentemente abalado, e apresentam um elevado grau de
qualificação; por fim, no novo milénio, chegam imigrantes chineses que passam a
dominar o comércio tradicional a retalho e ocupam uma boa parte da restauração.
Os imigrantes constituem uma ajuda à renovação população uma vez que são estes
que apresentam os maiores valores de natalidade.
A consolidação da democracia foi causa e consequência da
integração europeia, isto é, se por um lado tivemos que assegurar a democracia
para pertencer à UE, por outro lado, a integração na mesma permitiu que a
democracia portuguesa conhecesse os seus anos mais estáveis. Sabemos, no
entanto, que o fator mais importante foi de facto a entrada na União Europeia
uma vez que passamos a conviver de perto com países com sólidas tradições
democráticas e com populações cujos padrões de comportamentos são inspirados na
liberdade. No entanto, o a estabilidade política leva ao descuramento da
participação dos cidadãos na vida política, por isso, se tem observado que as
eleições são ganhas sempre por um de dois partidos, ou o PS, ou o PSD; os
níveis de abstenção são cada vez maiores e os jovens não se mostram
interessados em ingressar em partidos políticos. O prestígio democrático de
Portugal valeu-lhe a nomeação de Durão Barroso para presidente da Comissão
Europeia, em 2004, e de António Guterres para presidente do Alto-comissariado
das Nações Unidas para os Refugiados, em 2005.
Concluindo, conseguimos perceber que o conjunto de apoios
técnico-financeiros recebidos através da UE fez com que Portugal conhecesse uma
época de franco desenvolvimento económico. Percebemos, também, que o contacto
mais próximo com outras nações europeias levou a uma drástica mudança nos
valores e comportamentos da sociedade portuguesa como forma de garantir uma
maior liberdade e igualdade. No entanto, há em Portugal um conjunto de
obstáculos que o colocam aquém do desenvolvimento europeu, nomeadamente a falta
de preocupação com o meio ambiente, relativamente á reciclagem ou utilização
dos combustíveis fósseis; a dificuldade em reduzir as percentagens de abandono
escolar; a falta de investimento na Investigação e Desenvolvimento e, por fim,
o difícil combate à crise que Portugal tem enfrentado desde 2008 e que lhe
atribuem uma das mais altas taxas de desemprego europeias.
Trabalho realizado por: Beatriz Pacheco
Fontes: "O Tempo da História", 3ª parte, Célia Pinto do Couto e Maria Antónia Monterroso Rosas, Porto Editora;
"Guia de estudo História A", Porto Editora;
"História de Portugal", volume Portugal Democrático, dirigido por João Medina, Clube Internacional do Livro;
"História de Portugal", volume Da República à União Europeia, Maria Cândida Proença, Círculo de Leitores;
Trabalho escrito segundo o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
Trabalho realizado por: Beatriz Pacheco
Fontes: "O Tempo da História", 3ª parte, Célia Pinto do Couto e Maria Antónia Monterroso Rosas, Porto Editora;
"Guia de estudo História A", Porto Editora;
"História de Portugal", volume Portugal Democrático, dirigido por João Medina, Clube Internacional do Livro;
"História de Portugal", volume Da República à União Europeia, Maria Cândida Proença, Círculo de Leitores;
Trabalho escrito segundo o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
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