domingo, 15 de abril de 2012

O fim do modelo Soviético



  • Introdução


Consolidado o bipolarismo entre os EUA e a URSS, o período de Guerra Fria, que não chegou a assumir o confronto directo entre as duas potências, parecia sólido e duradouro no entanto davam-se os primeiros sinais de fraqueza. A falta de democracia, o atraso económico e a crise nas repúblicas soviéticas acabaram por acelerar a crise do socialismo no final da década de 80. O evento culminou com a queda do muro de Berlim em 1989 o que levou a que as duas alemanhas se unificassem.
Poucos anos antes, 1985, Mikhail Gorbatchev assumiu o poder na União Soviética.  Preocupado com a desaceleração do crescimento económico e com o atraso tecnológico da URSS defendia o fim da política levada a cabo por Brejnev, seu antecessor, pois este entendeu que a burocracia impedia o bom funcionamento do Estado. Foi então que propôs o que se chamou “doutrina Sinatra” (inspirada na música “my way” de Frank Sinatra). Levou a cabo uma política de diálogo e aproximação ao ocidente, com maior destaque para os EUA, a quem propôs o reinício das conversações sobre o desarmamento. Nesta fase, os americanos já tinham desenvolvido o programa “Guerra das estrelas”, que consistia na defesa nuclear, detectando o lançamento de misseis inimigos. As suas pretensões foram tidas em conta quando em 1987 assina, juntamente com o presidente Reagan o Tratado de Maastricht, que previa a destruição de todas as armas atómicas de médio alcance das duas superpotências.







Tal como era necessário criar laços com as potências inimigas e apostar num clima de paz, era também necessário reestruturar a URSS. Gorbatchev iniciou então o seu plano de renovação económica ao qual chamou “perestroika” e uma ampla abertura política, “glasnost”. Com base nestes novos princípios, defendia ideias tais como “criar sistemas fiáveis e eficazes para acelerar o progresso social e económico e dar-lhe um maior dinamismo” ou seja, descentralizar a economia estabelecendo a gestão autónoma das empresas, incentivar a formação de um sector privado como forma de estimular a concorrência e compensar a escassez de bens de consumo. Era necessário que estas medidas fossem postas em prática, pois a economia da URSS encontrava-se estagnada e era necessário eliminar os bloqueios. No domínio social pretendia-se criar uma sociedade democrática, encorajando à iniciativa das massas, melhorar a qualidade de vida e trabalho (que deveria ser qualificado), criar lazer e apostar na educação. Enquanto isso a glasnost denuncia a corrupção, a censura e a limitada participação dos cidadãos na vida política. Esta abertura democrática reforçou-se em Março de 1989 com as primeiras eleições pluralistas e livres na União Soviética.


  •  Crise do modelo Soviético



O clima de abertura politica na União Soviética propiciou a contestação aos regimes comunistas implantados no Leste da Europa. Segundo a ideia de Gorbatchev, segundo a qual “as nações não podem nem devem decalcar a sua vida sobre o modelo dos Estados Unidos ou da União Soviética”, a URSS não interveio para silenciar as rebeliões, pelo que em praticamente todos os países do Leste os líderes comunistas perderam o seu lugar de “partido único”. Neste clima de democratização realizam-se em 1989 as primeiras eleições livres e elaboram-se novos textos constitucionais. No decorrer deste processo, a cortina de ferro que há muito separava a Europa, deixa de existir, abrindo assim as fronteiras com o ocidente.
Em 1991 estava consomado o fim do bloco soviético. Os países da Europa Central e Oriental tinham novas constituições, estava em curso a transição para a democracia, nem sempre de forma pacífica e sem surpresa são extintos o Pacto de Varsóvia e o COMECON.


  •       O fim da URSS e o novo mapa político do Leste Europeu


A dinâmica politica desencadeada pela perestroika tornara-se incontrolável, conduzindo também ao fim da própria URSS. Face às debilidades do sistema politico, o extenso território das Republicas Soviéticas desmembra-se, devido a uma série de reivindicações nacionalistas e confrontos étnicos. No entanto, o processo inicia-se nas Republicas Bálticas, anexadas por Estaline durante a 2ª Guerra Mundial. Em 1988, a Estónia assume-se como Estado soberano, com direito a emitir passaportes próprios e a vetar as leis aprovadas pelo parlamento soviético. Em 1990, a Lituânia afirma o seu direito de deixar a União Soviética, tal como acontece com a Letónia.
Confrontado com as dissidências, Gorbachtev tenta parar o processo pela força, intervindo militarmente nos Estados Bálticos. No entanto, a criação da CEI em 1991 (Comunidade de Estados Independentes), composta por onze Estados (Arménia, Azerbaijão, Bielorrússia, Cazaquistão, Moldávia, Quirguistão, Rússia, Tajiquistão, Turquemenistão, Ucrânia e Usbequistão), aos quais se juntou Geórgia em 1993, conduziu à demissão de Gorbatchev do cargo de presidente da URSS, após ter visto fracassar o seu projecto de criar a URS (União das Republicas Soberanas).
Quanto ao novo mapa político:
- A reunificação da Alemanha foi negociada, em 1990, através de um tratado entre as partes com direitos de soberania sobre o território – a RDA, RFA, Inglaterra, Estados Unidos, França e URSS;
- A Checoslováquia dividiu-se em duas repúblicas – a Republica Checa e a Eslováquia;
- A transformação da Jugoslávia na República Federal da Jugoslávia deu origem à independência da Eslovénia, Croácia, Bósnia e Macedónia nos anos 1991-1992.




  •       As dificuldades na transição para o sistema económico capitalista


A principal característica da economia de tipo socialista era o controlo estatal. A produção era sujeita a planos quinquenais, as empresas sobreviviam à custa de subsídios e seguia-se a política de pleno emprego, mesmo que a mão-de-obra fosse excedentária. Ao invés, o sistema capitalista prevê a livre concorrência e a iniciativa privada, com vista à obtenção de lucro. Nos anos 80 e 90, a queda dos regimes de tipo socialista provocou a transição para o capitalismo. Esta rápida mudança provocou, nos países do Leste Europeu uma desorganização económica acentuada.
- Os preços dos bens de consumo subiram a um ritmo muito superior ao dos salários, o que resultou na perda do poder de compra dos cidadãos;
- As empresas para se tornarem lucrativas, despediram muitos assalariados;
- Várias empresas estatais foram compradas por agentes económicos privados através de processos corruptos, uma vez que a liberalização económica enriqueceu um pequeno grupo que, em pouco tempo acumulou fortunas;
- Muitos dos antigos gestores estatais apoderaram-se do controlo das empresas, que foram privatizadas. Outros, aproveitando a desorganização, canalizaram fundos públicos para investimentos privados no estrangeiro. Outros ainda se dedicavam à extorsão ou ao mercado negro;
- O rublo desvalorizou;
- O PNB (Produto Nacional Bruto) decaiu vertiginosamente nos países de Leste nos anos 90;

Os países de Leste também tiveram dificuldades na transição para a economia de mercado. Privados dos subsídios que recebiam da União Soviética, com uma significativa redução das trocas na área do COMECON e com uma produção alicerçada na indústria, sofreram uma brusca regressão económica, à excepção da República Checa, Hungria, Polónia e a ex-RDA, que registaram uma evolução económica positiva desde meados dos anos 90, devido a uma conjuntura politica favorável e ao investimento externo. No entanto, tal como na Rússia o caos económico instalou-se e as desigualdades agravaram-se nos países em transição para a economia de mercado. “a pobreza espalhou-se e cresceu a um ritmo mais acelerado do que em qualquer outro lugar do mundo”.

  •    Conclusão


A dissolução do bloco soviético significou um reajustamento no equilíbrio das forças ao nível mundial.
O mundo desenvolvido concentra-se, na viragem do século XX para o século XXI, em três zonas: Estados Unidos, União Europeia e Ásia-Pacífico. Esta tríade representa a maior parte das exportações mundiais. Entre as três regiões referidas, salienta-se a dos EUA, pois com a ausência do seu principal rival (URSS), se transformou na primeira potencia a nível mundial. 



Trabalho realizado por: Diana Lázaro nº13
Fonte: Manual "O tempo da História" e Livro de resumos "História A 12"

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