- Introdução
Consolidado o bipolarismo entre os EUA e a
URSS, o período de Guerra Fria, que não chegou a assumir o confronto directo
entre as duas potências, parecia sólido e duradouro no entanto davam-se os
primeiros sinais de fraqueza. A falta de democracia,
o atraso económico e a crise nas repúblicas soviéticas acabaram por acelerar a
crise do socialismo no final da década de 80. O evento culminou com a queda do
muro de Berlim em 1989 o que levou a que as duas alemanhas se unificassem.
Poucos anos antes, 1985, Mikhail
Gorbatchev assumiu o poder na União Soviética. Preocupado com a desaceleração do crescimento económico e com o atraso
tecnológico da URSS defendia
o fim da política levada a cabo por Brejnev, seu antecessor, pois este entendeu
que a burocracia impedia o bom funcionamento do Estado. Foi então que propôs o
que se chamou “doutrina Sinatra” (inspirada na música “my way” de Frank
Sinatra). Levou a cabo uma política de diálogo e aproximação ao ocidente, com
maior destaque para os EUA, a quem propôs o reinício das conversações sobre o
desarmamento. Nesta fase, os americanos já tinham desenvolvido o programa
“Guerra das estrelas”, que consistia na defesa nuclear, detectando o lançamento
de misseis inimigos. As suas pretensões foram tidas em conta quando em 1987 assina,
juntamente com o presidente Reagan o Tratado de Maastricht, que previa a
destruição de todas as armas atómicas de médio alcance das duas superpotências.
Tal como era necessário
criar laços com as potências inimigas e apostar num clima de paz, era também
necessário reestruturar a URSS. Gorbatchev iniciou então o seu plano de
renovação económica ao qual chamou “perestroika” e uma ampla abertura política,
“glasnost”. Com base nestes novos princípios, defendia ideias tais como “criar
sistemas fiáveis e eficazes para acelerar o progresso social e económico e
dar-lhe um maior dinamismo” ou seja, descentralizar a economia estabelecendo a
gestão autónoma das empresas, incentivar a formação de um sector privado como
forma de estimular a concorrência e compensar a escassez de bens de consumo. Era
necessário que estas medidas fossem postas em prática, pois a economia da URSS
encontrava-se estagnada e era necessário eliminar os bloqueios. No domínio
social pretendia-se criar uma sociedade democrática, encorajando à iniciativa
das massas, melhorar a qualidade de vida e trabalho (que deveria ser
qualificado), criar lazer e apostar na educação. Enquanto isso a glasnost
denuncia a corrupção, a censura e a limitada participação dos cidadãos na vida
política. Esta abertura democrática reforçou-se em Março de 1989 com as
primeiras eleições pluralistas e livres na União Soviética.
- Crise do modelo Soviético
O clima de abertura politica na União Soviética propiciou a
contestação aos regimes comunistas implantados no Leste da Europa. Segundo a
ideia de Gorbatchev, segundo a qual “as nações não podem nem devem decalcar a
sua vida sobre o modelo dos Estados Unidos ou da União Soviética”, a URSS não
interveio para silenciar as rebeliões, pelo que em praticamente todos os países
do Leste os líderes comunistas perderam o seu lugar de “partido único”. Neste
clima de democratização realizam-se em 1989 as primeiras eleições livres e
elaboram-se novos textos constitucionais. No decorrer deste processo, a cortina
de ferro que há muito separava a Europa, deixa de existir, abrindo assim as
fronteiras com o ocidente.
Em 1991 estava consomado o fim do bloco soviético. Os
países da Europa Central e Oriental tinham novas constituições, estava em curso
a transição para a democracia, nem sempre de forma pacífica e sem surpresa são
extintos o Pacto de Varsóvia e o COMECON.
- O fim da URSS e o novo mapa político do Leste Europeu
A dinâmica politica desencadeada pela perestroika tornara-se incontrolável, conduzindo também ao fim da própria URSS. Face às debilidades do sistema politico, o extenso território das Republicas Soviéticas desmembra-se, devido a uma série de reivindicações nacionalistas e confrontos étnicos. No entanto, o processo inicia-se nas Republicas Bálticas, anexadas por Estaline durante a 2ª Guerra Mundial. Em 1988, a Estónia assume-se como Estado soberano, com direito a emitir passaportes próprios e a vetar as leis aprovadas pelo parlamento soviético. Em 1990, a Lituânia afirma o seu direito de deixar a União Soviética, tal como acontece com a Letónia.
Confrontado com as dissidências, Gorbachtev tenta parar o
processo pela força, intervindo militarmente nos Estados Bálticos. No entanto,
a criação da CEI em 1991 (Comunidade de Estados Independentes), composta por
onze Estados (Arménia, Azerbaijão, Bielorrússia, Cazaquistão, Moldávia,
Quirguistão, Rússia, Tajiquistão, Turquemenistão, Ucrânia e Usbequistão), aos
quais se juntou Geórgia em 1993, conduziu à demissão de Gorbatchev do cargo de
presidente da URSS, após ter visto fracassar o seu projecto de criar a URS
(União das Republicas Soberanas).
Quanto ao novo mapa político:
- A reunificação da Alemanha foi negociada, em 1990,
através de um tratado entre as partes com direitos de soberania sobre o território
– a RDA, RFA, Inglaterra, Estados Unidos, França e URSS;
- A Checoslováquia dividiu-se em duas repúblicas – a Republica
Checa e a Eslováquia;
- A transformação da Jugoslávia na República Federal da
Jugoslávia deu origem à independência da Eslovénia, Croácia, Bósnia e Macedónia
nos anos 1991-1992.
- As dificuldades na transição para o sistema económico capitalista
A principal característica da economia de tipo socialista era o controlo estatal. A produção era sujeita a planos quinquenais, as empresas sobreviviam à custa de subsídios e seguia-se a política de pleno emprego, mesmo que a mão-de-obra fosse excedentária. Ao invés, o sistema capitalista prevê a livre concorrência e a iniciativa privada, com vista à obtenção de lucro. Nos anos 80 e 90, a queda dos regimes de tipo socialista provocou a transição para o capitalismo. Esta rápida mudança provocou, nos países do Leste Europeu uma desorganização económica acentuada.
- Os preços dos bens de consumo subiram a um ritmo muito
superior ao dos salários, o que resultou na perda do poder de compra dos
cidadãos;
- As empresas para se tornarem lucrativas, despediram
muitos assalariados;
- Várias empresas estatais foram compradas por agentes económicos
privados através de processos corruptos, uma vez que a liberalização económica enriqueceu
um pequeno grupo que, em pouco tempo acumulou fortunas;
- Muitos dos antigos gestores estatais apoderaram-se do
controlo das empresas, que foram privatizadas. Outros, aproveitando a
desorganização, canalizaram fundos públicos para investimentos privados no
estrangeiro. Outros ainda se dedicavam à extorsão ou ao mercado negro;
- O rublo desvalorizou;
- O PNB (Produto Nacional Bruto) decaiu vertiginosamente nos
países de Leste nos anos 90;
Os países de Leste também tiveram dificuldades na transição
para a economia de mercado. Privados dos subsídios que recebiam da União
Soviética, com uma significativa redução das trocas na área do COMECON e com
uma produção alicerçada na indústria, sofreram uma brusca regressão económica,
à excepção da República Checa, Hungria, Polónia e a ex-RDA, que registaram uma
evolução económica positiva desde meados dos anos 90, devido a uma conjuntura
politica favorável e ao investimento externo. No entanto, tal como na Rússia o
caos económico instalou-se e as desigualdades agravaram-se nos países em
transição para a economia de mercado. “a pobreza espalhou-se e cresceu a um
ritmo mais acelerado do que em qualquer outro lugar do mundo”.
- Conclusão
A dissolução do bloco soviético significou um reajustamento
no equilíbrio das forças ao nível mundial.
O mundo desenvolvido concentra-se, na viragem do século XX
para o século XXI, em três zonas: Estados Unidos, União Europeia e
Ásia-Pacífico. Esta tríade representa a maior parte das exportações mundiais.
Entre as três regiões referidas, salienta-se a dos EUA, pois com a ausência do
seu principal rival (URSS), se transformou na primeira potencia a nível
mundial.
Trabalho realizado por: Diana Lázaro nº13
Fonte: Manual "O tempo da História" e Livro de resumos "História A 12"
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